"O silêncio é o maior dos martírios;
nunca os santos se calaram"
Blaise Pascal
"O VOCABULÁRIO DO AMOR É RESTRITO E REPETITIVO, PORQUE A SUA MELHOR EXPRESSÃO É O SILÊNCIO. MAS É DESTE SILÊNCIO QUE NASCE TODO O VOCABULÁRIO DO MUNDO." VERGILIO FERREIRA
quarta-feira
domingo
terça-feira
todo teu
apetece-me acordar no teu corpo
apetece-me abraçar o calor da tua pele
dedos que procuram os teus seios macios
o enrijecimento dos teus bicos nos meus dedos
os sinais de tremor do teu corpo adormecido
os sinais de tremor do teu corpo adormecido
o teu corpo aninhado em mim que me procura
a tua pele roçada no meu desejo desperto
o gemido dos teus mamilos aos meus dedos húmidos
o meu sexo que procura os teus lábios quentes
entalado entalado entre as tuas pernas provocadoras
as tuas mãos que me prendem ao calor do teu corpo
acordam todos os meus sentidos despertos pelo teu ser
concentrados na magia das tuas fantasias
ficam reféns da tua paixão, da tua entrega, do teu amor
e eis o que eu desejo...
ser teu...
todo teu!
domingo
Não ser
Ah! arrancar às carnes laceradas
Seu mísero segredo de consciência!
Ah! poder ser apenas florescência
De astros em puras noites deslumbradas!
Ser nostálgico choupo ao entardecer,
De ramos graves, plácidos, absortos
Na mágica tarefa de viver!
Quem nos deu asas para andar de rastos?
Quem nos deu olhos para ver os astros
- Sem nos dar braços para os alcançar?!...
By: Florbela Espanca
Seu mísero segredo de consciência!
Ah! poder ser apenas florescência
De astros em puras noites deslumbradas!
Ser nostálgico choupo ao entardecer,
De ramos graves, plácidos, absortos
Na mágica tarefa de viver!
Quem nos deu asas para andar de rastos?
Quem nos deu olhos para ver os astros
- Sem nos dar braços para os alcançar?!...
By: Florbela Espanca
sábado
Deixa os meus dedos navegarem na tua pele
terça-feira
segunda-feira
Solidão
Aproximo-me da noite
o silêncio abre os seus panos escuros
e as coisas escorrem
por óleo frio e espesso
Esta deveria ser a hora
em que me recolheria
como um poente
no bater do teu peito
mas a solidão
entra pelos meus vidros
e nas suas enlutadas mãos
solto o meu delírio
É então que surges
com teus passos de menina
os teus sonhos arrumados
como duas tranças nas tuas costas
guiando-me por corredores infinitos
e regressando aos espelhos
onde a vida te encarou
Mas os ruídos da noite
trazem a sua esponja silenciosa
e sem luz e sem tinta
o meu sonho resigna
Longe
os homens afundam-se
com o caju que fermenta
e a onda da madrugada
demora-se de encontro
às rochas do tempo
Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"
o silêncio abre os seus panos escuros
e as coisas escorrem
por óleo frio e espesso
Esta deveria ser a hora
em que me recolheria
como um poente
no bater do teu peito
mas a solidão
entra pelos meus vidros
e nas suas enlutadas mãos
solto o meu delírio
É então que surges
com teus passos de menina
os teus sonhos arrumados
como duas tranças nas tuas costas
guiando-me por corredores infinitos
e regressando aos espelhos
onde a vida te encarou
Mas os ruídos da noite
trazem a sua esponja silenciosa
e sem luz e sem tinta
o meu sonho resigna
Longe
os homens afundam-se
com o caju que fermenta
e a onda da madrugada
demora-se de encontro
às rochas do tempo
Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"
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